terça-feira, 1 de junho de 2010

A arte brasileira de ler o que não está escrito.

A educação, base estrutural da sociedade, mostra-se ineficiente em uma de suas diretrizes mais importantes: a leitura. É transparente o vício de subestimar as dificuldades na arte de ler, ou melhor dito, na arte de entender o que foi lido. Para muitos, saiu da escola, sabe ler.
É preocupante ver a liberdade com que alguns leitores interpretam os textos. Muitos se rebelam com o que não está escrito. indignam-se com o que acha que o autor quis dizer. Decretam que o escritor é um horrendo neoliberal e decidem que ele pensa assim ou assado sobre o assunto, mesmo que o texto diga o contrário.
Não é difícil desafiar o escritor por suas obras, tampouco é errado ou condenável expressar as conclusões sobre o autor ou sobre as consequências do que ele está dizendo. Mas nada disso pode ultrapassar a sua lógica. Aliás, a discussão só avança se a lógica for afogada pela indignação.
Esse é o fato que precisa ser resolvido de maneira que todos tenham consciência do problema generalizado. Sem uma correta participação da opinião educada, dificilmente nos encaminharemos para uma solução. Mesmo que muitos não pequem na ortografia, as crases compareçam assiduamente e a sintaxe não é imolada, alguns não sabem ler. Sua imaginação criativa não detém sobre a lógica aborrecida no texto. É a vitória da semiótica sobre a semântica.


BG(®)