domingo, 25 de julho de 2010

Dilatou-se.

Ao colocar a mão na maceta e mover a porta com um remoto receio do que a espera do outro lado deparou-se com uma imensa escuridão. Esta não foi suficiente para impedí-la de entrar nesta sala tão observada do lado de fora.

Tateando as paredes laterais na esperança de encontrar o interruptor para aliviar sua pupila dilatada conseguiu, de repente assustando-se, acender a luz.
Um vento gélido subiu por sua coluna fazendo-a desconcertar-se diante daquela sala misteriosa.
-Mas o que é isto? - dizia ela assustada.
-Que mundo é este e essas vozes?

Era assustador e encantador e com seu jeito curioso, dentro dela, espalhava-se pela corrente sanguínea adrenalina. Todas as vozes com seus timbres ecoavam pelos quatro cantos da sala.

-De onde vem?
-Quem são vocês?

O desespero foi aumentando e o medo totalmente exalado. Um breve arrependimento tomou conta dela.
E as vozes aos prantos se contorciam umas com as outras.
De repente um grito foi emanado e tudo cessou. Por um minuto parecia que aquele terrível pesadelo tinha acabado. Mas vozes são vozes e assim diziam:
-Sim, eu o matei.
Outra voz com um timbre grave tenebroso, dizia:
-Foi naquele jardim que ficou marcada a dor da morte. Aquele mesmo jardim que você e seu Pai brincavam.

A menina olhava para todos os lados procurando o autor daquelas palavras.
-O que vocês querem?
-Parem com isso!

Uma voz suave proferia:
-Acalme-se menina, chegue mais perto vou contar-lhe a história, mas para isso toque em mim que vou transportá-la para outro mundo.
Assim vez a menina. E a voz de Catherine pronunciava a história:
-Era noite naquele dia e você e seu pai brincavam naquele jardim que hoje você não consegue mais pisar. Seu pai após horas brincando com você decidiu dar-lhe um livro para ler enquanto ia comprar cachorro quente.
-Você muito pequena e entrelaçando as palavras achou divertido no momento. Seu pai sempre dizia: -Leia minha filha para que você possa mudar o Mundo em sua volta, se não conseguir que pelo menos mude o seu mundo.
-Naquela noite ele desapareceu.

Assustada, pois ainda era muito pequena para entender os fatos Ana Beatriz jurou nunca mais pegar nestes malditos papéis de capa dura que dizem contar histórias.
Este bloqueio não permitia que ela entrasse nesta sala em que se encontrava. Ela não sabia explicar o porquê, depois do desaparecimento de seu pai, nunca conseguiu entrar neste lugar em que seu pai passava a maior parte do tempo. Na porta um letreiro com palavras convidativas faziam-na refletir. Estas eram as palavras: AQUI DENTRO PODEMOS LEVAR-TE ONDE SEUS PÉS NÃO PODEM IR.

Lá dentro, Ana Beatriz segurava em suas mãos Catherine a profetiza que retalhava todos os acontecimentos daquela noite:
-Eis-me aqui Ana Beatriz, fui escrita pelas mãos de sua Mãe Elizabete para que um dia ao despertar-te o interesse, você saberia e compreenderia a verdade.
-Nesta sala contém livros que podem levar você a lugares inimagináveis.

Aos poucos Ana Beatriz compreendeu o desfecho da história, que foi escrita por sua mãe que viu do 14º andar de seu prédio a atrocidade.
Um desfecho horripilante e infortúnio.

Naquela tarde com a presença de Ana na biblioteca de seu pai as vozes foram acalmando-se vagarosamente. Condoídos os personagens de obras magníficas, que também do 14º andar presenciaram o assassinato, silenciaram-se.
A menina naquele momento exclamou:
-Obrigada seres por mostrarem a verdade sobre esta realidade. Um mundo injusto, lá fora, que é capaz de apontar uma arma para uma menina de 7 anos e assaltarem o seu pai e executá-lo a sangue frio.
-Aqui será o meu refúgio e meu templo, com vocês meus queridos exclamadores de história poderei mudar o mundo, pelo menos o meu mundo, como dizia papai.
-Abrigada!

*************

Seu pai foi friamente executado e degolado na esquina de onde morava longe dos olhos da filha, por terroristas que não tiveram uma única oportunidade de ganhar um livro de seus pais para que pudessem mudar o mundo, pelo menos o seu mundo.


(BG®)

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